Por que você está lendo
este conto? Não leu o título, por acaso? Eu, o narrador, sou apenas
um homem normal. Sou genérico, ordinário, comum. Não tenho nenhum
grande talento ou nada que me destaque-me da multidão.
Ainda está lendo? Bem, já
que está tão interessado, permita-me não te surpreender. Meu nome
é João, ou seja, um nome bastante comum neste país. Moro em uma
casa de classe média baixa. Trabalho em uma firma. Ganho o
suficiente para não passar fome. Não sou rico mas também não sou
miserável. Minha casa (ordinária) tem um portão que faz um barulho
irritante quando é aberto. É onde eu enfio meu carro totalmente
ordinário. Família? Não tenho. Não sou casado. Não tenho filhos
muito menos. Se um dia eu vou me casar? Não sei, e não faz
diferença e não vai mudar minha condição. Mas falando nisso,
conheci uma moça legal ontem na academia. Estamos nos falando e nos
dando bem. Mas ela é como eu: uma pessoa normal. Se eu penso muito
no futuro? Sinceramente, não. Como eu já disse, não faz diferença.
Nada faz. Tudo é a mesma coisa para mim.
Agora devem estar pensando
que eu sou um cara triste e vazio por dentro. De forma alguma. O que
eu mais gosto de fazer e ir pro barzinho tomar umas com meus amigos
enquanto jogo sinuca e assisto a futebol (sou flamenguista, time
normal). Nada melhor do que uma vida totalmente comum assim. Devem me
achar sem graça. Acho que sou mesmo. Não me importo.
Já é o quarto parágrafo e
ainda está lendo? Você é persistente. Mas enfim, não tenho muito
o que falar. Esse conto (nem merece assim ser chamado, não tem
narratva) na verdade nem precisava ser escrito. Você está perdendo
o seu tempo. Vá fazer alguma coisa de interessante, alguma coisa
extraordinária. Aprenda algum idioma novo, pois eu só sei
português; aprenda a tocar violão, piano ou saxofone, treine seus
músculos e coordenação, vire um faixa preta em artes marciais;
escreva um livro, torne-se um famoso autor; vire um médico, salve
vidas; vire um filósofo, mude o mundo! Não seja como eu, totalmente
normal. Eu não sou importante e nunca vou ser, e isso não é ruim e
nem bom, é um fato somente. Sou só um homem comum.
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