Pararam sob a luz de
um poste. Uma luz amarelada que dava à cena uma atmosfera
melancólica e triste. O rapaz pegou nas mãos de Mariana. Ela queria
acreditar que daria tudo certo. Entretanto, o olhar dele já dizia
tudo: era um adeus.
- Vou embora.
- Não vá –
Mariana protestou.
- Eu vou.
- Não me deixe.
Ela o abraçou. Era
um episódio de novela. O silêncio da noite não os deixava ouvir a
própria respiração. O escuro que os circulava era como um oceano
negro. Não um negro assustador, tudo naquela noite era somente
triste. Até os vaga-lumes e outros insetos que circulavam o poste
eram arautos da infelicidade. Mariana, menina observadora, olhou bem para
os minúsculos animais alados que voavam ao redor da luz do poste. Por
muito tempo os contemplou e viu como era descontente a sua natureza.
Sempre estavam a circular o poste, mesmo sabendo que este
eventualmente se apagaria assim que chegasse a aurora. Mariana pensou
nisso e chorou. Abraçou com mais força o amante. Ele tentou
consolá-la com um beijo na testa, mas ela só chorou mais. Seu amor
era efêmero, ela pensou. Mas, assim como os vaga-lumes que perdem
sua luz, tinha que aprender a perder sua paixão.
- Eu vou embora,
tudo bem? - ele disse.
- Tá, eu aceito
isso. Vou sentir sua falta. Te amo.
Ele a beijou no
rosto, um beijo logo e apertado. Mas a hora chegava de dizer adeus.
Segurou uma última vez em suas mãos frias e delicadas e as apertou,
como que se estivesse tirando as últimas gotas de seu amor de menina, amor tão precioso. Se olharam e então ele virou-se, mãos no
bolso, e adentrou a escuridão.
Mariana engoliu suas
lágrimas pesadas. Não podia chorar. Olhou para os vaga-lumes e descobriu que nem todo adeus é eterno e que, assim como a luz
que se apaga pela manhã volta quando o sol se esconde de noite , o nosso amor
se reacende quando reencontramos alguém que o mereça.
Que menina forte era
Mariana, ali, parada sob a luz daquele poste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário