O espaço é frio. É solitário. É escuro.
A tripulação da Enterprise XII sentiu isso na pele e na alma. Em seu segundo ano de viagem até Plutão eles se depararam com aquilo que nenhum humano na Terra pensou que poderia ser real.
Era um diabo do espaço.
Sua pele vermelha e elástica. Não tinha rosto, nem ao menos tinha uma forma. Era como uma larva sem proporções, que se contorcia freneticamente em uma dança macabra. Sua imagem inspirava medo.
Mas a tripulação da Enterprise XII não chegou em Plutão e nem voltou para contar. Eles já estavam mortos antes de chegarem a Urano.
A gigante figura assustadora e bizarra agarrou a Enterprise em pleno voo e a quebrou em dois como se fosse um graveto. Os homens foram atirados para fora pelo impacto.
O capitão Henry Nunes ainda teve tempo de perguntar enquanto havia oxigênio em seus pulmões:
"O que és tu?"
E a criatura respondeu:
"O Filho do Medo, Senhor das Trevas, Aquele que Tira a Vida, o Terror do Universo, o Demônio Cósmico, o Diabo das Estrelas, eu sou o Devorador de Mundos, meu nome é Bazuzú!"
***
A Terra tremeu naquele instante. O impacto de mil bombas atômicas explodindo no vácuo foi poderoso demais.
A figura monstruosa se aproximando da Terra foi rapidamente percebida pelos astrônomos e o governo da Terra teve tempo de agir.
Mesmo assim foi tarde demais. A Lua se fora.
Tentado acabado de devorar o satélite natural, as explosões nucleares fragmentaram o corpo de Bazuzú em um milhão de frações, com a Lua dentro de si.
Atirado ao espaço, o Devorador de Mundos estava morto, agora só a imagem de um terror passado que um dia já atormentara toda a galáxia.
Mas este não era o fim. Havia outros, outras criaturas como Bazuzú pelo universo.
***
Era um dia chuvoso na cidade. Um mês havia se passado desde a morte de Bazuzú e a destruição da Lua. Mesmo assim ninguém saia de suas casas. O mundo estava assustado com o que poderia ainda haver no resto do universo.
Gaspar, correndo pela rua com um jornal velho sobre a cabeça, reconheceu para onde deveria ir: a casa mais humilde possível.
Quase um barraco. E era habitada por um velho homem muito estranho. Gaspar pode sentir a atmosfera estranha dentro da casa. Era escura, fria, solitária...
Em um quarto estava ele, Estelar. Aparentava cem anos, barba branca e longa. Se sentava no chão, comendo uma comida pobre em seu prato de alumínio. Gaspar o surpreendeu.
"Tenho procurado por você, velho Estelar", disse Gaspar.
"O que te traz aqui?", perguntou Estelar.
"Você sabe o que. Você é um dos únicos Escolhidos que sobraram. Eu quero saber o que vai acontecer agora que o monstro foi morto. Quero me preparar."
Estelar deitou seu humilde prato de comida no chão.
"Seu desespero o traz aqui. Não sairá com nada de bom desta casa", disse o velho.
"Pelo amor de Deus, vocês são praticamente semideuses, me digam como me preparar para o pior!"
"Sua riqueza não poderá o salvar, Sr. Boll, pois o mal que está a vir destruirá a tudo."
"Seu velho idiota, fale como gente!"
Irado, Gaspar pulou para cima de Estelar. O jogou contra a parede, implorando por respostas, mas o velho só conseguia soltar seus últimos suspiros de agonia.
Gaspar percebeu: estava morto, um dos últimos Escolhidos.
Deixou o velho lá, naquele canto escuro da sala iluminada por velas. A chuva havia parado do lado de fora. Seu carro o esperava.
"Tudo bem, Sr. Boll?", um de seus seguranças perguntou.
"Preciso de uma reunião com os meus homens, agora!", ele gritou marchando para o carro.
Acima, o céu escurecia. O pior estava por vir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário