13 de julho de 2016

O Homem que Filmava Pornografia

Este é um tanto que pesado, nossa. Nem eu pensei que ficaria desse jeito! Mas ficou ótimo, nos meus padrões.



I: O Bar

O cansado homem de meia-idade arrumava seus redondos óculos enquanto fitava a sua vodka, azeda só de olhar.

- Vai querer mais, cara? - disse o barman.
- Sim, por favor.
- Nossa, vodka é uma negócio forte. Tem certeza?
- Eu estou pagando, irmão. Vai fundo.

A bebida corria por sua garganta, ardendo, queimando, quase corroendo. Naquele bar em ruínas, apenas ele e um bando de mulheres extrovertidas e um homem interesseiro. O ar do recinto se enchia de um vocabulário corrido, estressante.

- Ei, barman! - disse o homem.
- O que foi?
- Tu sabe misturar bebidas?
- Eu te adoro, cara! - riu o atendente.

***

Do lado de foro do bar, um carro de aparência sinistra estacionava. Era escuro, ainda mais do que a escuridão que o envolvia naquela noite.

- Chegamos, amor. - disse o rapaz pálido que dirigia o veículo.
- O que tem de tão bom aqui, Gustavo? - a jovem perguntava.
-  Ah, eu gosto desse barzinho. É de um amigo meu. Sempre veio pra cá para dar uma relaxada.
- Tá, tá bom. Vamos entrar. Mas se for chato eu vou embora e tu me leva pra casa!

O jovem casal, um tanto que punk e um tanto que gótico, logo entrou no estabelecimento quadrado, perdido ali na beira da estrada. Uma música lenta e antiga tocava, mulheres vomitavam suas bobagens para um tolo no canto e um homem fazia caretas no balcão.

- Viu? Calmo. - disse Gustavo.
- É, melhor que sua casa. - a garota respondeu com um sorriso.

O barman, ao vê-los, pensou "ah, jovens" e trocou a música rapidamente por algo mais do mais frenético: rock europeu.

- Eaí, Gustavo. Tudo bem? - disse o atendente.
- Fala. Essa aqui é minha namorada, Ana.
- Eu não sabia que tu tinha namorada.
- Acha que eu sou viado? - e riram.

Sentados no balcão, os dois ficaram um bom tempo falando tudo sobre o nada. Beberam todo o tipo de coisa que o barman conseguia alcançar. No final, estavam um tanto que bêbados. Mas ainda podiam contar os dedos e enxergar.

- Ei, amigo! - disse Gustavo.
- O que? - se virou o barman.
- Quem é aquele?

Apontou reto para o homem sentado à direita deles. Era baixo, calvo e usava óculos. Estava bebendo algo muito forte, a julgar pelas suas expressões.

- É o Freund.
- Que?
- Freund, esse é o nome dele.

O homem olhou de volta.

- Teu nome é Freud? - perguntou Gustavo.
- Que nome de merda. - Ana ria enquanto molhava os lábios com alguma outra porcaria.
- Meu nome é Freud, sim. É alemão. Quer dizer "amigo". - disse Freund, admirando seu copo seco.

Agora chovia lá fora e mesmo com a música tocando, havia um certo silêncio melancólico. Ana e Gustavo se aproximavam de Freund, com interesse no quieto homem.

- Tu parece triste, cara. O que houve? Tua namorada te fodeu? - perguntou Ana.
- Não.
- Foi demitido?
- Não.
- Então?
- Hoje foi um dia como qualquer outro, mas por algum motivo eu estou mais triste do que nunca.

Enquanto as mulheres e o senhor deixavam o bar, Freund pedia mais uma dose. Trovões quebravam nos céus. A chuva se intensificava.

- O que tu faz da vida? - disse Gustavo.
- Sou cinegrafista.
- Sério? Legal. Você trabalha na tevê? - disse Ana.
- Trabalho para uma produtora de filmes pornô.
- Você é...?
- Cameraman de filme pornô.

O casal se desmoronou em risadas.

- Isso é ainda mais bacana! - riu Gustavo.
- Por que tu tá triste então, Freund? - perguntou Ana.
- Por que eu percebi hoje que meu trabalho consiste em filmar pessoas fazendo sexo.
- E...?
- E eu nunca fiz sexo.
- Quantos anos você tem? - perguntou Gustavo.
- Trinta e oito.

A chuva diminuiu e os trovões eram agora distantes. Freund olhava para baixo, olhar vazio.

- Cara, que louco. - disse Gustavo.
- É, muito estranho. Eu não era mais virgem com 16. - disse Ana.
- Eu tive uma ideia. - Gustavo se alegrou. - Que tal se o Freund filmasse a gente? Poderíamos ter nosso próprio pornô.
- Ah, boa ideia, amor.
- O que eu ganho?
- Poderíamos chamar uma vadia pra tu. Assim ambos ganham. Temos nosso filme e você perde sua virgindade. Vamos lá.

Freund pôs as ultimas gotas do álcool venenoso goela abaixo, limpando seus lábios e deixando o dinheiro rasgado sobre aquele balcão sórdido. Levantou sua cabeça como se a bebida tivesse dado-o poderes.

- Muito bem, fazer o que?


II: Ação.


O casal tirava suas roupas enquanto Freund arrumava a câmera, sempre usada por ele para filmar seus filmes. O quarto apertado do condomínio cheirava a sujeira e comida podre, mas isso não impedia a excitação dos dois.

- Já podem começar. - disse o cinegrafista.
- Calma, homem. Ainda nem coloquei a camisinha. - respondeu Gustavo.
- Rápido.
- Temos toda a noite, Freund. Se lembra que eu chamei a garota e ela vai vir daqui à uma hora.
- Bora, caralho. Põe essa merda aí. - disse Ana.

Assim que o preservativo foi colocado, a luz vermelha da câmera começou a piscar como o olho de uma fera maligna.

A ação começou e os dois, Ana e Gustavo, laçavam-se em amassos e beijos. Freund suava e tremia. O cinegrafista mudava os ângulos, levantava a câmera, abaixava ela e dava zooms constantes como se não houvesse a posição perfeita.

Uma chama interior dominava Freund. A maldita chama que sempre dominou-o, que ele odiava. A sensação de inveja e fraqueza. A inquietude. Fome.

Enquanto o casal movimentava a cama decrépita, Freund movia-se lentamente até a cômoda no canto. Ele abre a gaveta enquanto filma a distração do casal. Um olho na câmera e outro na gaveta, tirando um objeto de dentro.

Uma faca.

Aguçada, lustrosa. Do tipo que se usa para cortar a carne mais dura e espessa, seja de animal ou de homem. Freund pôde até ver seu reflexo na lâmina, com seu sorriso tristonho e apavorante.

Ele esperou o orgasmo de Gustavo para jogar sua câmera no chão, ainda gravando, e jogar-se com fúria para cima de seu "elenco".

Gritos. Gritos e sangue. A cama se tingiu de vermelho. O abdômen de Ana totalmente furado jorrava suas vísceras. A cabeça de Gustavo estava segurada por um pedaço de carne, outra vez seu pescoço.

Os dois mortos. Freund conseguiu o que queria, a sua vingança sem sentido. Mas ainda havia muito a ser feito naquela tenebrosa noite.


III: A Prostituta


Freund ainda assistiu seu filme pelo menos sete vezes antes de tomar um banho e se limpar de todo o sangue de suas vítimas. Depois ele ainda limpou o chão, trocou o colchão da cama e se livrou dos corpos enterrando-os no quintal. Tudo em menos de duas horas.

A garota de programa, que Freund sabia que se chamava "Susan" (um nome que Freund odiou), estava chegando em alguns minutos. O câmeraman, setando em sua poltrona, meditava olhando fixo para seu piso sujo. Havia até trocado de roupa, para parecer mais elegante para a prostituta. Mas seu rosto continuava o mesmo. O rosto de Freund Lemos, o cara virgem que filmava pornografia.

Alguém bateu à porta.

- Entra!

Era uma mulher alta, negra e de cabelo cacheados. Vestia-se de azul, em um vestido apertado, curto e provocante.

- Você é o cara com nome engraçado? - ela perguntou.
- Sou Freund.
- Que nome horrível.
- Eu sei.

***

Freund estava jogando em sua cama, como um pano velho e inútil. Ainda estava vestido e parecia não ter vontade de tirar as roupas.

Susan apareceu saindo do banheiro, nua e de passos longos. Se lançou à cama, tremendo todo o cômodo. Começou carícias em Freund, que não se alegrava tanto.

- Vamos, Freund, tire suas roupas.
- Não consigo. - ele respondeu.
- Como não?
- Simplesmente não consigo.
- Ah, mas assim a gente não chega à lugar nenhum. Você me chamou aqui por um motivo. Onde estão seus amigos?
- Foram embora. Eu não gostava deles.
- Você quer que eu vá embora?
- Não. Fique.
- Então, eu posso tirar suas roupas?
- Sim, faça isso logo.

À medida que Susan abria o zíper e tirava as calças de Freund, este desabava-se em suor. Ele tremia, tinha pesadelos em sua cabeça. Ela era um monstro, e ele era um rei em seu castelo. Não aguentou que Susan tocasse-o.

- AAAHH!!! - Freund gritou.
- O que foi, caralho?
- E-eu, não consigo. N-não consigo.
- Por que?
- É que eu não te contei. Eu sou virgem e tenho quase quarenta anos. Eu gravo filmes pornôs há 12 anos. Não tenho filhos, nem mulher e nenhuma família.
- Calma, garoto. Vai ficar tudo bem.
- Não vai!
- Vai sim. Só relaxa e deixa eu fazer tudo.
- Não. Eu preciso ir no banheiro. Eu tenho que ir.
- Ah, tá. Mas não demora.

O espelho quebrado do banheiro de Freund refletia a imagem daquela aberração, uma perfeita aberração. Era maravilhosamente horrível, perfeitamente feio. Mas ele sabia que ainda precisaria sair daquele maldito banheiro com uma boa ideia para não matar ninguém, pois até os piores monstros precisam controlar si mesmos.

- Eu tive uma ideia. - disse Freund saindo do banheiro. - Vamos usar nossa câmera. Filmamos nossa transa, assim fica mais fácil pra mim.
- Tem certeza?
- Sim. Basta colocar no tripé.
- Tá bom.

***

As nuvens de fumaça criavam formas diversas no teto da casa, como se fosse nuvens. Freund as contemplava de baixo, na sua cama ao lado de uma prostituta fumante.

Um homem realizado, um homem feito. Eles esperou anos por isso. Agora não era mais virgem.

- Como você nunca tinha feito isso antes? - perguntou Susan.
- Está surpresa?
- Curiosa.
- Bem, eu acho que o problema nunca foi comigo, mas com os outros. Foi assim que eu sempre vi.
- Sei.

Freund se levantou, espantando a fumaça do cigarro com a mão. Encheu dois copos com uma cerveja bem escura, parecia até urina de um doente, e ofereceu-a à Susan, que aceitou sem hesitar a bebida imunda.

- Quanto anos você tem, Susan? - perguntou Freund.
- Quer mesmo saber?
- Por que não?
- Vinte e cinco.
- Ah, interessante. E pretende ser uma puta para o resto da vida?
- Quando eu era mais nova eu queria ser médica.
- Está longe disso.
- É.

O silêncio de sempre se instaurou. Apenas os grilos foram ouvidos por um tempo, tornando-se poetas. Susan e Freund beberam juntos, naquela noite fria e estranha.

- E você, o que queria ser? - disse Susan entre lábios molhados.
- Eu nunca quis ser nada.
- Sério?
- É. Meu pai nunca me incentivou.
- E sua mãe?
- Ela morreu quando eu tinha dois anos.

Mais um gole.

- Meu pai se casou muitas outras vezes, mas nenhuma madrasta se importou comigo.
- Que merda.
- É.
- Mas como virou cameraman?
- Um amigo meu disse que estavam procurando um cameraman. No início eu não sabia que era pra gravar putaria. Pagavam e ainda pagam bem, então fiquei com o emprego.

Outro gole.

- Quer saber de uma coisa? - disse Freund, se levantando. - Cansei. Cansei dessa merda toda.
- O que, porra?
- Cansei de viver. É uma porra. Isso acaba hoje, aqui.

Um ultimo gole, profundo. Lágrimas.

- Susan, você foi a única mulher que já amei, mesmo não amando. Obrigado.
- Do que você tá falando?
- Eu gravei tudo na câmera. Está tudo lá. É minha obra final, meu legado.
- Você tá me assustando, caralho.
- Eu sei, mas não se assuste. Acabou pra você também. Eu bebi mais do veneno, mas você também bebeu.
- Que? Que veneno é.... peraí, você colocou o que nessa bebida, porra?

Espasmos, gritos de dor. Freund leva as mãos ao estômago enquanto geme. Ele desaba, agonizando.

Susan corre para a porta, mas antes de chegar lá ela também desmorona. Vômito. Mais sangue, saindo do nariz e até dos ouvidos. Morta.

Freund ainda teve tempo de olhar para o cadáver da prostituta e pensar o quão bom foi sua primeira e ultima noite ao lado de alguém como ela.

Tudo gravado. O melhor filme pornográfico de todos.

FIM

9 de julho de 2016

O Pai



- Você me chamou, pai?
- Sim, Alberto. Venha, sente-se, meu filho.

O jovem franzino de expressão triste e perdida caiu na poltrona como uma pedra que cai num lago. Na sua frente estava seu pai, seu velho. Um homem de aparência sábia, com seu charuto e seus pés apoiados apoiados na pequena mesinha entre os dois.

A lareira queimava como o inferno, mas mesmo assim a sala era tenebrosa. Alberto engoliu seco enquanto via seu pai encarando-o com aqueles olhos opressores.

- Sabe porque está aqui, Alberto?
- Não, pai.
- Que pena.

O pai assoprou uma nuvem que engoliu o rosto do pobre Alberto.

- Por que a lareira está acesa? - disse Alberto.
- Algum problema?
- É que não está fazendo tanto frio assim.
- Estamos no sul do Brasil, Alberto. Somos sofisticados. - assoprou outra nuvem, dessa vez cobrindo o teto.

Silêncio. O relógio fazia tique e taque. O fogo queimava.

- Você gosta de sair nessa passeatas, não é? - disse o Pai.
- Sim.
- Pelo o que você luta?
- Pelo futuro.

Alberto dá uma tossida. O Pai olha, um tanto de desprezo.

- É uma besteira, filho. Uma besteira grande.
- Você já foi numa delas, pai?
- Nunca vou.
- Deveria.
- Não, eu não deveria.

Alberto coçou seu pescoço, talvez um mosquito. O velho Pai se ajeitava na poltrona, rasgada e antiga como ele.

- Eu te amo, Alberto. Sabe disso?
- Sim pai. Eu sei.

O jovem derreteu-se em tímidas lágrimas. O Pai era uma estátua.

- Mas por que você se importa tanto, pai? É apenas minha visão.
- Não vou tolerar.
- Mas pai, eu-
- CALA A BOCA!

As palavras do Pai ecoaram por aquela sala durante segundos. Até o fogo assentiu e recuou, deixando a sala ainda mais escura e assustadora.

- Você e seus amigos - disse o Pai - São um bando de depravados que apoiam um governo corrupto.
- Eu te amo pai.
- Não vou tolerar.
- Te amo, muito.
- Vocês são a escória.
- Mas pai...
- Chega.

Um estrondo agudo e metálico rompeu a quietude da sala. O fogo apagou. Trevas. Um tiro. Sangue. Morte. Só se viu um charuto se acender na escuridão. Uma baforada veio em seguida.

Houve um golpe, com certeza.

A Nação Que Fica Debaixo do Canadá

Bandeirinha dos EUA, sempre usada como "símbolo de liberdade".

"América!"

Sempre que um personagem diz isso num filme euano, eu fico p*** da vida. É como se América significasse Estados Unidos. Por isso que, a partir de agora, só chamarei "americanos" de "euanos".  Poxa vida, eu sou americano! Quem nasce na Argentina, Colômbia ou Canadá é americano!

Os Estados Unidos da América (nome ridículo, pra falar a verdade) é o país mais poderoso da Terra. Ele também seguram a maior indústria de entretenimento, isso é o cinema, a música e os videojogos.

Por isso eles ficam jogando todo o seu ego por cima de nós (nós significa mundo).

Exemplo: nos EUA, o catolicismo não é tão comum quanto aqui no Brasil. Então sempre que eles retratam mexicanos (estes são na maioria católicos) no cinema ou televisão, eles mostram a fé deles como algo totalmente alienígena. Isso fica estranho aqui para nós, né?

Outro exemplo é quando eles falam uma coisa em espanhol em um filme, tipo, digamos, "el diablo". Pra eles faz sentido o personagem traduzir depois, mas na nossa versão dublada fica estranho, pois sabemos muitas palavras do castelhano apenas por causa das semelhanças dos idiomas.

Euanos sempre se acham os grandes heróis, os maiores. Se acham os salvadores do mundo na Segunda Guerra. A verdade é que são gordos, caipiras.

Os EUA só é o país de hoje por causa da guerra, é movida a guerra. Antes dos dois conflitos mundiais, era apenas um país cheio de fazendeiros racistas.

Posso parecer um pouco preconceituoso, mas é a verdade!

8 de julho de 2016

Tem Alguém na Minha Cozinha - Parte 2 (final)

- O que o s-sinhô qué qui mim faça?

- Olha, Mim, isso parece um tanto estranho, mas hoje à noite eu vou receber uma garota aqui em casa e eu quero te usar para impressionar ela, sabe?

- Mim qué ir embora, mim com medo!

Me levanto e abro a geladeira em um empurrão. Mostra um pedação de carne para a criatura, que arregala os olhos como se fosse o precioso dele.

- Isso vai ser seu se você me ajudar.

***

Faz tempo que não me olho no espelho. Essa camiseta minha, esse penteado maneiro (nem passei gel) e esses sapatos até que me deixaram legal. Passo um litro de perfume em mim, abro um buraco na camada de ozônio com o spray. Mas o que não se faz num encontro?

A porta abre e lá está ele: Mim, vestido para a ocasião.

É bizarro, mas eu consegui deixá-lo elegante, ou pelo menos algo perto disso. Só precisei pedir emprestado as roupas do meu sobrinho Lucas. Mas ficou bom.

São 19:48, o que quer dizer que Denize está chegando. A mesa está pronta, eu estou pronto, o Mim está pronto. Até meu PC está pronto Apaguei todo o conteúdo "inapropriado" dele, caso Denize queira dar uma olhada.

Mim está no meu quarto devorando um pedaço grande queijo que estava na geladeira fazia um mês. Faltam cinco minutos para 20:00, mas já ouço o carro parando lá fora. A maçaneta se mexe, a porta abre. Minhas pernas estão congeladas.

- Senhor, aqui está sua pizza.

Alerta falso. Pelo menos agora tenho algo para comer e acalmar o estômago e a cabeça.

O entregador vai embora. Minutos se passam. Já são 20:03 e nada. A Denize teria se atrasado? Sabia que eu deveria ter ido para a casa dela. Mulheres nunca veem até nós, somos nós que devemos ir até elas.

Sinto meus olhos mais pesados conforme o tempo passa. Já são 20:10 e nada. Já são 20:12 e o Mim continua comendo meu queijo. Já são 20:15 e eu estou dormindo, estirando no sofá como um trapo sujo.

Aproveito para ter sonhos. Dessa vez eu estou numa praça de noite. Denize está na minha frente, com aquela carinha de anjo dela. Estamos quase nos beijando quando sinto uma facada nas minhas costas, literalmente um facada. Me viro e lá está o desgraçado, mas não posso acreditar. É Mim, sorrindo.

Aí eu acordo.

Posso ouvir um carro estacionando lá fora. Me levanto em um salto. Olhos no relógio e são 20:26. Dou uma arrumada nas minhas vestimentas, meu cabelo.

Vou correndo até o meu quarto ver qual é a do Mim e o encontro dormindo como um panda em cima da minha cama. Aquele queijo estava bem duro, até para os dentes dele. Para não ter nenhuma confusão, tranco a porta.

Dane-se Mim, ela está chegando!

A porta se abre e lá está, minha deusa. Está vestida num lindo vestido preto. Ela poderia ter escolhido algo melhor, como amarelo ou vermelho, ficaria um contraste melhor com a pele dela... ah, dane-se.

- Você está ótima!

- Sério? - ela diz sorrindo, graciosamente.

- É... mas eu falo da sua aparência. Quer dizer, eu não conheço da sua saúde. - eu digo, sempre agindo como um retardado.

Ela ri e eu convido ela para se sentar. Até agora está tudo indo muito bem! Conversamos sobre tudo. Ela está estudando psicologia, e eu estou estudando ela.

Até agora, nada de Mim.

***

Mim acorda. Mim confusu. Ó, é! Sinhô Ricardo queria mia ajuda. Mim tem que vê namorada de Ricardo. Pedaçu de queiju muito bom, mas muito duru!

Tento abrí a porta, mas tá fechada! Quem fechô? Será que foi o Ricardo? Por que ele faria issu?

Olho ao redô do quartu e veju uma janela aberta. Aberta! Possu escapá e mi encontrá com Ricardo e namurada!

Mas janela muito alta! Mim usá cadeira para subí e pulá. Caiu em cima de lama. Quintal da casa de Ricardo é muito suju! Saiu correndu pela noiti escura, sorti que ninguém mi vê.

***

- Quando eu era pequena eu gostava de fingir que era homem. - diz Denize.

- O que? Que merda?

- É. Eu gostava de esconder meu cabelo e vestir as roupas do meu irmão. Aí eu andava pelas ruas batendo nos outros meninos.

Enquanto meu queixo se quebra ouvindo aquilo, ouço batidas na porta. Batidas pesadas. Tenho que pedir licença, mas ainda saio ganhando por não ter mais que ouvir aquela história.

Abro a porta e lá está meu amiguinho Mim! Cheio de lama e lodo, parece meu tio Jaílson. Ele escapou! Eu deixei a janela aberta. Nossa, eu não sabia que meu quintal era tão sujo.

- O que está fazendo aqui? Você está todo ferrado! - sussurro.

- Mim preso em quarto, mas Mim escapar!

- Sim, mas agora é tarde.

Saio para fora e fecho a porta, na esperança que Denize não perceba a conversa.

- Faz o seguinte: no quintal tem uma torneira que eu uso para aguar as plantas. Tire suas roupas e se molhe lá. Depois entre de volta no meu quarto pela janela e pego outras roupas. Mas pegue roupas bonitas, nada exagerado! Tenha bom gosto. Agora vá!

O pequeno Mim desaparece na escuridão, rumando o meu quintal. A vida dele deve ser horrível. Entre de volta em casa e lá está meu anjo sorrindo, um tanto que desconcertada. Parece até assustada. Mas quem deveria estar assustado sou eu, ora, depois de ouvir as "brincadeiras" de infância dela.

- Com quem você estava falando? - ela pergunta.

- Com o entregador de pizza. Ele veio pegar o troco.

- Mas eu não vi nenhuma moto lá fora...

- Ele anda de pé por aí entregando pizza. A pizzaria é aqui perto.

Sento-me, ainda com uma dor de cabeça. A menina olha para mim, não sei pensando o que. Mas eu estava preocupado com o e.t. no meu quarto.

Peço licença de novo e vou até meu quarto. Abro a porta e vejo Mim dentro de um vestido. Pelo menos ele está limpinho!

- Eu encontrei rôpa boa pa mim. - ele diz.

- Mim, essas são roupas da minha irmã. Esse é o vestido da minha irmã. Ele tá de férias e deixou elas aqui.

- Mim gostar da cor, mim gostar de rosa! Mim pronto. Mim quer aquele pedaço de carne! Ricardo prometeu!

- Tá bom, tá bom. Que merda. Vamos lá. Mas não faça vergonha!

São 20:50. Tem um bicho no meu quarto vestido de mulher e uma linda garota me esperando na mesa. Eu vou mostrar esse bicho branco para essa linda garota para ver a reação dela. Eu sou louco.

- Você parece muito ocupado, Ricardo. - Denize diz assim que eu apareço.

- Olha, Denize, eu tenho que te apresentar um amigo.

- Amigo?

- É. Eu sei que esse é nosso encontro, mas é um amigo muito legal. Você precisa ver.

- Tudo bem. - ela ri.

- Mim, pode vir!

Lá vinha o Mim. Naquele vestido rosa ridículo, como um travesti de outro planeta. Aquela cara selvagem e perdida dele, até cômica. Seu caminhar era atrapalhado. Até eu ria.

- Esse é Mim. - eu digo.

- Oi. Mim gostar de queijo. - diz Mim.

- Ual, esse é o seu amigo?

- É sim, é um pouco esquisito. Na verdade eu nem sei o que ele é. Encontrei o Mim roubando minha geladeira no meu da madrugada dois dias atrás. Eu na verdade vou matar ele mais tarde. Mas podem brincar agora.

Mim se senta na mesa, subindo na cadeira para ficar na nossa altura. Parece uma criança. Talvez seja.

Mas uma coisa estranha eu raparei: o jeito que Denize olha para Mim. Ela está mais fascinada com a criatura do que comigo! Não acredito.

- Então, Denize, você já viajou para o exterior alguma vez? - eu tento começar. - Eu fui para Paris faz quatro anos. A comida de lá é horrível, não acredite no que dizem. Franceses são uns filhos da mãe.

Mim devora as frutas deixadas em cima da mesa como se fosse sua ultima refeição. Mas espera, é sua ultima refeição!

- Eu gostei do seu vestido, Mim. - diz Denize, me ignorando, para a minha surpresa.

- Brigadu. - ele responde.

- E você já foi à algum jogo da copa de 2014? Eu vi o 7x1 com o meu pai. Ele ficou chorando por uma semana. - eu tento mudar de assunto.

Denize continua fixando os olhos em Mim, como se ele fosse seu namorado. O encontro agora parece ter seguido outro rumo.

- Ei, eu ainda estou aqui. Denize, esse é nosso encontro.

- Do que você está falando, Ricardo?

- Não me ignore! - eu grito, raivado.

- Não fale assim comigo! Mim consegue ser mais adorável do que você, mesmo falando pouco! - ela se levanta.

- Você ficou doida? - eu me levanto também. Mim parece um retardado olhando para os lados.

- Vamos, Mim, vamos embora. Esse idiota só vai te causar desgraça! - diz Denize.

- Não, Mim, fique comigo! Eu vou te dar o mais suculento pedaço de carne que existe. Tony Ramos vai ficar com inveja!

Mim, indeciso, olha de lá para cá com aquele olhar de cachorro abandonado. Ele enfim se levanta e parece decidido entre uma garota cuidadosa e uma maluco que vai matá-lo em alguns horas.

- Prefiru ficá com mulhé que não tranca nois no quartu.

- Seu desgraçado! Traidor! Depois de tudo que passamos é isso que você faz? E o pedaço de friboi que eu vou te dar?

- Num queru. Mim gostá de Denize. Pareci tê gosto bom.

- Viu? Adeus, Ricardo.

Meu coração se parte vendo aquela cena. Meu futura namorada (as coisas estavam saindo bem) ficando com meu "melhor amigo" (amigo útil. É daqueles momentos que bate uma tristeza em você. É quando você repensa as coisas e vê que o que tu fez foi errado, tudo errado. As coisas teriam sido melhor sem Mim, com certeza.

Vou para o meu quarto me deitar, esfriar a cabeça. Nem tiro as roupas. Mas antes de me jogar na cama eu vejo um bilhete lá. Está escrito numa caligrafia horrível, mas consigo entender algumas coisas.

Foi escrito por Mim, aparentemente.

"Mim qué grandi pedaçu de carni. Mim cum fomi. Ricardu é fio da mãe. Mim não gosta dele. E pedaçu de queiju nem ser tão bom. "

Sério eu não deveria ter me levantado naquela madrugada.


FIM.

7 de julho de 2016

Tem Alguém na Minha Cozinha - Parte 1

Ouço um barulho vindo da minha cozinha. O pior de tudo é que eu moro sozinho. Eu sabia que esse bairro era perigoso. Levanto-me e pego o meu taco que beisebol, que eu ganhei três anos atrás quando fui visitar meu tio nos EUA. Penso em levar minha faca guardada debaixo do travesseiro, mas não queria sujar tudo de sangue. Deve-se ter classe ao matar um bandido.

Olho para o relógio, são quatro horas da madrugada. Que ladrão esperto, escolhendo a melhor hora para entrar nas casas. 

Avanço pelo corredor erguendo minha arma autografada pelo próprio Joe Girardi. Passos leves. Ainda consigo ouvir barulhos na cozinha. Posso ouvir minha geladeira abrindo, alguém se apaixonou por ela.

- Aquele desgraçado sentirá o gosto da madeira nova-iorquina bem na bunda dele.

Chegando na cozinha vejo que a luz está apagada. Na verdade nada vejo. Apenas ouço uma espécie de rosno. A única fraca luz vem da geladeira, e posso ver a silhueta de alguém.

Jesus. Não parece com uma pessoa. É um bicho baixo, magro e cheio de jeitos estranhos. Está comendo a macarronada que eu guardei do jantar. Esse desgraçado, seja humano ou não, foi longe de mais.

Ligo a luz e posso ver a criatura melhor. Credo! Parece um Gollum, aquele bicho do Senhor dos Anéis. Sua pele é meio que cinzenta, seus olhos são grandes e amarelos. Não tem pelos e seus dentes parecem presas.

Ela dá um grito alto que eu acho que acordou meu vizinho surdo. Avanço com meu bastão nova-iorquino, mas ele consegue jogar a bacia cheia de macarrão em mim.

- Filho da mãe! Vem cá!

Ele acha que pode fugir de mim! Dou três batidas na cabeça dele. Sorte do desgraçado que eu não sou muito forte, se não teria esmagado seus miolos ou seja lá o que ele tenha.

- Pu favô... para... dói...

Eu estou ficou louco ou antes de eu conseguir dar uma quarta tacada aquele bicho falou?  Agora o maldito parecia conseguir dialogar. Estava todo coitadinho. Quase senti pena.

- Você fala? - eu pergunto.

- Sim, mim fala. Num mata mim. Mim cum fomi.

- Que diabos é você? Algum tipo novo de bandido? Qual o seu partido?

- Mim num sabê mim nomi. Mim cum fomi. Pu favô num mata mim.

- Você não sabe seu próprio nome? Ah, é estúpido mesmo.

Levanto meu bastão, pronto para desferir um ultimo golpe, rápido e fatal. Mas a criatura aparentemente gostava de sua vida, o que me surpreendeu.

- Pu favô, sinhô. Mata num. Mim fazê coisa pu sinhô. Mim trabaia pu sinhô.

Aquela ideia me pegou. Eu posso fazer algo com aquele bicho. Sei lá, como estudá-lo, talvez mostrá-lo para alguém. Não se vê um Gollum da vida real todos os dias revirando sua geladeira!

- Sério? O que você sabe fazer?

- Mim sabi limpá as casa. Mim usa a lingua pá limpá sujeira. Mim sabi cuzinhá e arrumá coisa. Num mata mim, pu favô. Disculpa, sinhô.

- Isso é interessante...

Afinal, olhando bem, essa coisa não parece tão má assim. Só está com fome. Ele deve ter vindo da mata, como um animal selvagem sentiu-se atraído por minha casa. Só achou que haveria comida aqui.

Não sei se seria certo matá-lo. Acho que isso não seria ser um bom cristão.

- Você está realmente com fome? Aqui, tome essas duas maçãs.

- Ó! Obrigadu, sinhô!

- Agora saia daqui!

Ainda tem tempo de devorar as duas frutas, deixando o suco cair no chão. Vejo ela sair correndo pelos fundos, ainda com a maçã na boca. Que coisa!

Poderia ser pior, poderia ter tentado me matar. Só estava com fome. Espero que nunca mais volte, ou talvez não tenha tanta piedade.

***

Nada melhor do que acordar numa bela manhã de sábado como essa. Já que eu não vou trabalhar, fico em casa assistindo filminhos dos anos 90, acessando bobagens da internet e lendo livros antigos que me fazem parecer inteligente.


Dou uma passada no mercado para comprar meu almoço. Escolho minhas marcas favoritas, encontro alguns amigos, sinto o cheirinho dos produtos. Como é bom ser feliz.

Até conheço uma nova caixa que o mercado contratou. O nome dela é Denize, deve ser alguns anos mais nova. Mas é uma garota adorável. Até me deu o seu número de telefone. Adoro dias de sábado.

Só pelas quatro da tarde eu saio para dar uma volta de bicicleta. Normalmente eu pedalo por uns quatro quilômetros (dois indo e dois voltando). Mas dessa vez mal passo da esquina e uma velhinha me para. Era a Dona Cruz, só ouço a voz dela pois não estou com meus fones de ouvido (perdi eles na semana passada).

- Seu Ricardo! - ela me chama - Tu soube da ultima?

- O que?

- Não sei se é verdade, mas tão dizendo que tem um bicho, um monstro entrando na casa do povo. Tu ouviu falar?

É o Gollum que eu vi ontem! Meu coração gelou. Caramba, esperava que aquilo tivesse sido um sonho. Agora é mesmo um ladrãozinho infernal invadindo a casa das pessoas.

- C-como? - gaguejo - Que tipo de bicho?

- Ah, tão dizendo que ele é baixo, quase preto e anda nu.

- Quem viu ele?

- Ele entrou na casa da irmã da Lídia ontem a noite. E de madrugada o Seu Jacques quase deu um tiro nele. O miserável anda procurando comida. Num sei o que é, mas se eu ver ele eu mato com minha vassoura, ah sim.

- Na verdade, Dona Cruz, eu também vi ele ontem.

- Verdade?

- Sim, eram quatro horas da madrugada. Eu quase matei ele com meu taco de beisebol, mas meio que fiquei com pena e dei duas maçãs. Ele parecia estar com fome, não achei que fosse um bicho ruim.

- Meu filho! Tu devia ter arrancado as tripa do maldito! Num dê comida para ele que ele vai se viciar.

- Eu entendo, Dona Cruz. Próxima vez eu vou ver se pego ele.

Me despeço e saiu pedalando. Chego em uma trecho cercado de mato e fico com medo de algum Gollum pular em mim. Será que existem mais daqueles bichos? Talvez sejam uma nova espécie, ou sei lá.

Chego em casa, ainda leio um pouco, navego na net, assisto alguma porcaria e vou para cama. Mas antes de conseguir fechar os olhos, alguém liga para mim. É a Denize, a caixa do mercado.

Temos uma boa conversa, ela pergunta se poderíamos nos encontrar. Eu falo que sim e poderia na minha casa, amanhã de noite. Desligo, durmo e tenho bons sonhos. Nada melhor que um encontro numa noite de domingo.

Mas meus sonhos são interrompidos por barulhos na minha maldita cozinha. Como na noite passada. Jesus, eram duas horas da madrugada. Será que é aquele desgraçado? Com certeza, e meu taco de beisebol iria revolver as coisas.

Os barulhos cessam. Quando chego na cozinha, me deparo com o mesmo bicho, agora deitado na minha mesa, como se fosse uma cama!

- O que está fazendo aqui? Disse para ir embora - eu grito.

A criatura se assustada e cai da mesa, se debatendo no chão, chorando e implorando.

- Pu favô, sinhô. Num mata mim. Mim cum sono, mim cum frio. Lá fora faz friu. Aqui é quenti.

- Ontem à noite eu mandei você ir embora. Você é um ladrão. Não vou te tolerar. Você tem andado roubando casas de outras pessoas no bairro, eu sei disso.

- Mim num tem casa. Mim anda fazendu coisa ruim pu causa qui mim num tem ondi morar, nem ondi cumê. Se sinhô deixá mim ficá aqui, mim num faz coisa ruim nunca mais.

Seus olhos tão grandes, quase pulando pra fora da cabeça. Novamente, eu sinto pena desse bicho. Mas como não. Ele é selvagem, mas me lembra uma criança, ingênua.

- Você não tem mesmo para onde ir? - eu pergunto.

- Num tenho, sinhô.

- Gostaria mesmo de ficar aqui? Qual o seu nome? Vou te chamar de Mim. É assim que você vive se chamando. Pode ficar aqui, Mim, por esta noite. Amanhã vou ver o que faço contigo.

- Obrigadu, sinhô.

- Mas você vai dormir na minha despensa.

- D-dispensa? - diz a criatura gaguejando.

- É, é uma sala bem escura e apertada onde eu guardo lixo.

Arrasto ela pelo chão como se fosse um saco cheio de estrume. O Mim parece não resistir, mas também não está feliz. A minha escura e suja despensa, bem apropriada para ele, é sua ultima parada. Amanhã ele não terá vez.

***

Mim parece se manter bem calmo na sua cela, provavelmente dormindo. Ótimo, agora posso matá-lo em seu sono. Foi bom conhecê-lo, mas agora é hora. Uma ligação, porém, me para bem no momento que vou abrir a porta com meu bastão levantado.

É Denize.

- Oi?

- Oi, Denize. Tudo bem?

- Tudo, Ricardo. Eh, hmm... você sabe que o nosso encontro é hoje, né? - ela pergunta.

- Sim, claro!

- Espero que você tenha preparado algo bom pra mim.

- Como assim? - eu dou uma risada.

- Uma surpresa, sei lá. Primeiro encontro é assim.

Mulher é mesmo uma desgraça.

- Tchau, Ricardo.

- Tchau.

Me ferrei. O que faço agora? Ela parece ser bem exigente. Odeio esse tipo de mulher. Acho que vou me dar mal, já que não tenho nenhum qualidade. Quer dizer, eu tenho casa própria, mas não dirijo, nunca terminei a faculdade e ainda sou feio como um chinês leproso.

Espera um pouco...

Abro a porta com a força de mil Hércules em um empurrão. Mim está no chão, deitado no chão em posição fetal, como se estivesse fazendo 0 grau.

Dou um chute nele, um pontapé.

- Ah, sinhô! Mias costa, sinhô!

- Acorda. Preciso de você.

Aquela noite de domingo seria a mais estranha da minha vida.



CONTINUA...

O Curso da História

Tim Roth em Pulp Fiction (1994). Não tem nada a ver com o assunto
eu botei aqui só porque acho o personagem dele legal.  

Pare neste instante. Olhe para a data na parte inferior direita da tela de seu monitor. Estamos num determinado ano, agora em 2016, amanhã em 2017 e por aí vai. 

Você vê que não estamos, vamos dizer, em 1344. Nem estamos em 3125. Estamos na primeira metade do século XXI. Isso porque se passaram já dois mil anos desde que um filósofo morreu crucificado na Galileia. Agora, quando olharmos para o nosso calendário veremos 2016. Obrigado, Jesus.

Eu digo que a História (com "H" maior) é frágil. Qualquer coisa pode mudar tudo. Não que tudo já esteja pré determinado, mas existe um número infinito de possibilidades. Nós só podemos escolher uma, e nossas ações vão escolhê-la.

Tem esse soldado britânico, Henry Tandey. Em 28 de setembro de 1918, com a primeira guerra quase no fim, em Marcoing, na França, houve um confronto entre britânicos e alemães, com vitoria britânica. Nessa ocasião, com a retirada das tropas alemãs Henry se encontra com um soldado inimigo e aponta a sua arma para ele, entretanto, com sua compaixão Tandey não atira no homem, que estava ferido, com isso o soldado germânico assentiu em agradecimento depois desapareceu.Consequentemente, nessa ocasião, Henry Tandey acaba de deixar escapar um dos homens mais odiados da história, Adolf Hitler.

Henry Tandey.




Isso mesmo, amigos. O cidadão deixou escapar o próprio Hitler. Imaginem como tudo seria diferente se o Henry tivesse atirado em Hitler e matado o bigodudo? Quero dizer, tudo diferente mesmo! O nazismo não existiria e a Segunda Guerra nunca teria começado, já que foi Hitler que invadiu a Polônia. Sem Segunda Guerra, sem criação das Nações Unidas. Nada de bomba atômica, nada de crescimento econômico dos EUA, nada de Guerra Fria e nada de Muro de Berlim. Tudo seria diferente mesmo! 


Caso você tenha uma máquina do tempo aí, peço que tome cuidado com isso! É um instrumento poderoso, o próprio Doctor Brown disse isso em Back to the Future. Todas as ações afetam o nosso futuro nas mais diversas maneiras, segundo a teoria do caos.

Pessoas com grandes responsabilidades, essas são líderes, devem ter cuidado com o poder delas, pois isso moldará o futuro. Stan Lee disse que com grandes poderes vem grandes responsabilidades. 

Até!

Star Wars (1977) - Crítica

Estou escrevendo críticas aqui pois não tenho nada pronto para postar. Mas aproveitem, sou bom em criticas filmes.


Bem, o que eu posso dizer? Esse filme é demais! Ou como diria um americano, this movie rocks! 

Sério, foi uma revolução do cinema da época, mais revolucionário que qualquer The Matrix. Junto com Jaws (1975), esse filme criou a onde dos blockbusters que existe até hoje e é eterna. Antes de Star Wars não existiam filas e filas para ver a estreia de um filme, nem se eram vendidas as trilhas sonoras ou action figures. 

Eu acho o Episode 4 o melhor dos sete pois é o que tem o enredo mais simples e ao mesmo tempo o mais poderoso. George Lucas foi f*** nessa parte. Temos a Jornada do Herói, clássica, no espaço! Com imensas naves extremamente detalhadas. Temos uma princesa, um herói para resgatá-la, um mentor para guiá-lo e um contrabandista para levá-los até a princesa. E no final, todos enfrentam o cavaleiro sombrio, Darth Vader (maior vilão do cinema).

Nota: 5.0/5.0

O que tem de bom: personagens carismáticas, cenários maravilhosos, enredo muito encantador, trilha sonora grandiosa (John Williams é um deus) e boas cenas de ação.

O que tem de ruim: quase nada. Um problema que eu apontaria seria o tempo que Luke tem para sair de Tatooine. As coisas no final parecem se acelerar um pouco também.