9 de agosto de 2019

Thanos e o destino


Possivelmente o maior vilão que já apareceu nas telonas nos últimos anos, Thanos e um exemplo de um personagem bem engenhado. Um antagonista que serve também como protagonista, tão odiável quanto adorável. Mas o que torna suas motivações tão geniais?

Vilões são ótimos quando nós podemos compreender as razões de seus atos, quando há um sentido, por menos que seja, por trás de suas ações. Ninguém se lembra de um vilão que "é mal só porque é mal e pronto". Um bom exemplo é Coringa de Batman: O Cavaleiro das Trevas. Ele é incrível por ser movido pelo caos, assim como Thanos é movido por seu passado trágico e seu destino.

Nos quadrinhos, ele quer obter as seis Jóias do Infinito para poder matar metade do universo, isso é, aniquilar cinquenta por cento de todas as formas de vida inteligentes que existem. Tudo para agradar a deusa da morte. No cinema, no entanto, o fator do genocídio cósmico foi mantido, mas os roteiristas da Marvel Studius mudaram a motivação dele: agora, o vilão buscava o equilíbrio.

Nascido em Titã, Thanos era um membro respeitado de sua espécie. Ao prever uma extinção por falta de recursos, ele tentou alertar seu povo, argumentando que se nada fosse feito toda a vida no planeta seria dizimada. A solução encontrada por ele foi a de matar metade da raça em uma chacina desesperada. Ninguém o ouviu e a sua profecia se concretizou. Titã virou um mundo morto.

Thanos ficou traumatizado e um complexo foi formado em sua mente. Ele havia perdido seu povo, não deixaria que isso acontecesse a mais nenhuma espécie. Então, o tiã louco partiu pelo universo causando genocídios pela metade de populações, tudo com a ajuda de seu exército e da Ordem Negra.

Então ele ouviu sobre as Jóias do Infinito e o poder que elas tinham  e por muito tempo ele as procurou. Aí aconteceram os eventos dos filmes dos Vingadores.

O que tem de brilhante nisso tudo? Thanos é um sobrevivente, como ele mesmo diz. As suas ações são, para ele, totalmente justificadas. Ele faz o que faz porque ele estaria cumprindo com uma função natural do equilíbrio das coisas. A extinção de sua espécie o deixou verdadeiramente insano.

E isso tudo tem a ver com o destino. Thanos acredita no destino. Ele acredita, inclusive, que é um agente deste. "Não conseguiram fugir do próprio destino", ele diz em Ultimato.

Por isso, o último filme dos Vingadores é tão incrível. Os heróis são inicialmente derrotados por Thanos. Mas eles encontram uma saída, uma forma de desfazer a vilania cometida no filme anterior, assim indo contra o destino considerado sagrado por Thanos.

E qual é a resposta do antagonista? No fim do filme, após saber que mesmo depois de equilibrar o universo em escala cósmica sempre haveria aqueles incapazes de aceitar seu destino, ele decide fazer o que ser ser o certo: destruir o universo inteiro e criar um novo onde ele seria o deus supremo e todos seriam gratos por existirem. Um universo justo. Equilíbrio

Quando vemos as coisas desse ponto, Thanos se torna um antagonista com empatia. Ele faz as coisas mas ainda tem humanidade, ele ainda tem emoções como tristeza, dor e a capacidade de sentir dó e pena. Mas ele tem um forte complexo que faz ele enxergar a si mesmo não como um produto da natureza, mas como uma força da mesma, um ser de maldade, uma maldade necessária: um louco.

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