26 de setembro de 2019

Cara Cheia

Sérgio cerrou os punhos e os colocou na altura dos olhos. Parecia um boxeador. Encarou seu adversário com sangue nos olhos. Tinha ouvido falar muitas coisas de Zé Ferreira, mas não que ele era um lutador tão habilidoso.

O público era menos de meia duzia. Os que ainda assistiam queriam fugir o quanto antes daquela cena. Afinal, quem queria ver dois bêbados brigarem?

E por que a luta havia começado? Ninguém sabia dizer. Alguém que estava no bar se lembra de ter visto o Zé Ferreira falando umas coisas que deixaram Sérgio zangado. Em um estante estava em posição de combate.

- Alguém pára essa briga! - uma pessoa gritou.
- Não! Deixa eles brigarem! - outro respondeu.

O primeiro golpe foi de Zé Ferreira, o mais ágil. Acertou Sérgio no queixo, derrubando ele. Parecia que a luta já tinha acabado, mas Sérgio se levantou, cambaleando.

- Seu... miserável... - disse, mal conseguia terminar a frase. Sentia mais dor de cabeça por conta da cachaça do que dores.

Sérgio partiu para cima como um touro. Tentou acertar o oponente com um soco no meio dos olhos mas errou a mira e golpeou o peito. Zé Ferreira, homem duro, cambaleou e não caiu. Zé aproveitou a proximidade para dar dois socos certeiros no estômago de Sérgio que gemeu de dor (agora sim, dor de briga e não de cachaça). Caiu no chão. Zé Ferreira ainda aplicou chutes no rosto do pobre coitado que jazia no chão, mas logo foi interrompido pelo público satisfeito.

O dono do bar apareceu e foi logo gritando para parar com aquilo tudo. Zé Ferreira saiu bêbado pelas ruas a cambalear, triunfando e olhando para trás para garantir que o nocauteado ainda estivesse no chão.

Sérgio não sabia onde pôr as mãos. Pensou em uma cachaça. E dormiu.

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