Marquinhos
jogou a mochila sobre a cama e sentou-se em sua mesa de estudos, mãos
na testa. O garoto não acreditava na nota que tinha tirado em
matemática. Como posso ser tão ruim nesta matéria e me dar tão
bem nas outras?, ele se perguntava.
Seu professor lhe dera mais uma chance de
fazer uma nova prova que decidiria seu futuro naquela matéria, mas o
aluno do ensino fundamental não tinha muitas esperanças. Obedecendo
a sua mãe, foi logo para o quarto, mas não conseguiu estudar.
O
assunto era "aplicação do teorema de Pitágoras" e só de
ouvir aquele nome grego esquisito, Marquinhos sentia cólicas.
Para
a sua surpresa, havia alguém para ajudá-lo. Enquanto estudava,
faltando dois dias para a prova onde seus conhecimentos seriam
novamente testados, Marquinhos recebeu uma inesperada visita. Um
homem barbudo e de toga surgiu, em uma piscar de olhos, como mágica,
em seu quarto.
Tão
desorientado quanto Marquinhos, o homem disse, olhando para os lados:
-
Onde estou?!
-
Quem é você? - Marquinhos perguntou.
-
Sou Pitágoras, um matemático e filósofo! E quem é você?
-
Sou Marquinhos... - o garoto respondeu, cabisbaixo - Você é mesmo
Pitágoras?
-
O próprio. Preciso voltar à Grécia imediatamente, os meus
discípulos estão me aguardando...
-
O que você sabe sobre o teorema de Pitágoras? - Marquinhos o
interrompeu.
O
homem, que já tinha fios brancos em sua longa barba, ergueu as
sobrancelhas e soltou um risinho.
-
Sei tudo! Eu inventei, ou melhor, descobri este teorema.
-
Pode me ensinar? Preciso de ajuda para a prova de amanhã. Sabe, eu
não sou bom em matemática...
-
Como não? - o velho espantou-se - Matemática é a base de tudo. O
universo é feito de números, não sabia? Os números são
responsáveis pela harmonia das coisas e são tão parte do mundo
onde vivemos quanto o ar que você respira, garotinho.
O
garoto baixou a cabeça, triste, olhando para o livro aberto sobre
sua mesa de estudos.
-
É para a prova de amanhã, moço. - Marquinhos disse.
-
Bem - Pitágoras continuou - No triângulo retângulo, uma figura
muito importante, temos uma hipotenusa, que é a aresta que está de
frente para o ângulo de noventa graus, e dois catetos, que são as
duas outras arestas. O teorema de Pitágoras, este sou eu, é usado
para descobrir o valor da hipotenusa. Para isso, somamos os valores
dos catetos ao quadrado.
Marquinhos
coçou sua cabecinha cabeluda.
-
Me dá um exemplo, seu Pitágoras?
-
Imagine um triângulo retângulo que tem uma hipotenusa no valor de
"x". Um dos catetos tem o valor de dois e o outro tem o
valor de três. Agora faça as contas, garoto.
-
Dois ao quadrado é...
-
Quatro - completou Pitágoras.
-
Três ao quadrado é nove. Então fica "quatro mais nove"...
-
Que é igual a treze. O valor da hipotenusa é treze. Viu? O poder da
matemática!
Marquinhos,
finalmente compreendendo o teorema, se pôs a folhear seu livro e a responder as várias questões, dessa vez com sua língua para fora
em sinal de esforço.
Pitágoras
riu e ,vendo que já tinha cumprido seu dever, dirigiu-se a porta e
então começou a perambular pela casa do menino.
Pitágoras
pouca sabia, no entanto, que a casa estava longe de vazia. Enquanto
Marquinhos aventurava-se no mundo harmonioso dos números, ele pôde
ouvir os gritos da mãe vindos da cozinha:
-
Marquinhos! Tem um mendigo aqui em casa!
Depois daquele dia, Marquinhos nunca mais teve problemas com matemática.
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