29 de março de 2020

As Lições de Pitágoras


Marquinhos jogou a mochila sobre a cama e sentou-se em sua mesa de estudos, mãos na testa. O garoto não acreditava na nota que tinha tirado em matemática. Como posso ser tão ruim nesta matéria e me dar tão bem nas outras?, ele se perguntava.

Seu professor lhe dera mais uma chance de fazer uma nova prova que decidiria seu futuro naquela matéria, mas o aluno do ensino fundamental não tinha muitas esperanças. Obedecendo a sua mãe, foi logo para o quarto, mas não conseguiu estudar.

O assunto era "aplicação do teorema de Pitágoras" e só de ouvir aquele nome grego esquisito, Marquinhos sentia cólicas.

Para a sua surpresa, havia alguém para ajudá-lo. Enquanto estudava, faltando dois dias para a prova onde seus conhecimentos seriam novamente testados, Marquinhos recebeu uma inesperada visita. Um homem barbudo e de toga surgiu, em uma piscar de olhos, como mágica, em seu quarto.

Tão desorientado quanto Marquinhos, o homem disse, olhando para os lados:

- Onde estou?!

- Quem é você? - Marquinhos perguntou.

- Sou Pitágoras, um matemático e filósofo! E quem é você?

- Sou Marquinhos... - o garoto respondeu, cabisbaixo - Você é mesmo Pitágoras?

- O próprio. Preciso voltar à Grécia imediatamente, os meus discípulos estão me aguardando...

- O que você sabe sobre o teorema de Pitágoras? - Marquinhos o interrompeu.

O homem, que já tinha fios brancos em sua longa barba, ergueu as sobrancelhas e soltou um risinho.

- Sei tudo! Eu inventei, ou melhor, descobri este teorema.

- Pode me ensinar? Preciso de ajuda para a prova de amanhã. Sabe, eu não sou bom em matemática...

- Como não? - o velho espantou-se - Matemática é a base de tudo. O universo é feito de números, não sabia? Os números são responsáveis pela harmonia das coisas e são tão parte do mundo onde vivemos quanto o ar que você respira, garotinho.

O garoto baixou a cabeça, triste, olhando para o livro aberto sobre sua mesa de estudos.

- É para a prova de amanhã, moço. - Marquinhos disse.

- Bem - Pitágoras continuou - No triângulo retângulo, uma figura muito importante, temos uma hipotenusa, que é a aresta que está de frente para o ângulo de noventa graus, e dois catetos, que são as duas outras arestas. O teorema de Pitágoras, este sou eu, é usado para descobrir o valor da hipotenusa. Para isso, somamos os valores dos catetos ao quadrado.

Marquinhos coçou sua cabecinha cabeluda.

- Me dá um exemplo, seu Pitágoras?

- Imagine um triângulo retângulo que tem uma hipotenusa no valor de "x". Um dos catetos tem o valor de dois e o outro tem o valor de três. Agora faça as contas, garoto.

- Dois ao quadrado é...

- Quatro - completou Pitágoras.

- Três ao quadrado é nove. Então fica "quatro mais nove"...

- Que é igual a treze. O valor da hipotenusa é treze. Viu? O poder da matemática!

Marquinhos, finalmente compreendendo o teorema, se pôs a folhear seu livro e a responder as várias questões, dessa vez com sua língua para fora em sinal de esforço.

Pitágoras riu e ,vendo que já tinha cumprido seu dever, dirigiu-se a porta e então começou a perambular pela casa do menino.

Pitágoras pouca sabia, no entanto, que a casa estava longe de vazia. Enquanto Marquinhos aventurava-se no mundo harmonioso dos números, ele pôde ouvir os gritos da mãe vindos da cozinha:

- Marquinhos! Tem um mendigo aqui em casa!

Depois daquele dia, Marquinhos nunca mais teve problemas com matemática.

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