Estava eu fazendo caminhada
naquele fim de tarde como eu fazia quase todos os dias. Paro,
cansado, ofegante. Sinto o suor descendo pela testa, escorrendo pelos
braços. Sinto também algo em minha mão direita.
É um mosquito.
O safado queria o meu
sangue. Fui rápido. Um tapa. O pequeno escapou! Era muito ligeiro. E
aí senti algo no meu braço esquerdo. Uma picada.
Algo estranhou me ocorreu
naquele momento. Uma misericórdia despertou em mim. Observei a
minúscula criatura alada sugando minha o conteúdo de minha veia. Vi
beleza naquele ser, em seus movimentos quase imperceptíveis, em sua
natureza simplista e em suas formas insetóides.
Mas um segundo depois a
piedade se foi. Acertei-o com minha mão. Quando tirei a palma de
cima, não havia nada além de uma poça de sangue e de carcaça do
parasitinha.
Prossegui, então, com meu
exercício rumo à minha casa. O que era piedade tornou-se frieza e
logo reflexão. Será que o mosquito merecia morrer? Afinal, ele não
me mataria tirando só aquele pouco de sangue que precisava. O
coitado só estava tentando sobreviver.
Parei por um momento minha
caminhada, pensativo. Um mosquito pousou em minha perna.
E então continuei a correr.
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