10 de março de 2020

O Mosquito


Estava eu fazendo caminhada naquele fim de tarde como eu fazia quase todos os dias. Paro, cansado, ofegante. Sinto o suor descendo pela testa, escorrendo pelos braços. Sinto também algo em minha mão direita.

É um mosquito.

O safado queria o meu sangue. Fui rápido. Um tapa. O pequeno escapou! Era muito ligeiro. E aí senti algo no meu braço esquerdo. Uma picada.

Algo estranhou me ocorreu naquele momento. Uma misericórdia despertou em mim. Observei a minúscula criatura alada sugando minha o conteúdo de minha veia. Vi beleza naquele ser, em seus movimentos quase imperceptíveis, em sua natureza simplista e em suas formas insetóides.

Mas um segundo depois a piedade se foi. Acertei-o com minha mão. Quando tirei a palma de cima, não havia nada além de uma poça de sangue e de carcaça do parasitinha.

Prossegui, então, com meu exercício rumo à minha casa. O que era piedade tornou-se frieza e logo reflexão. Será que o mosquito merecia morrer? Afinal, ele não me mataria tirando só aquele pouco de sangue que precisava. O coitado só estava tentando sobreviver.

Parei por um momento minha caminhada, pensativo. Um mosquito pousou em minha perna.

E então continuei a correr.

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